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O fim do mundo

Clotilde Tavares | 11 de março de 2010

Estou no Recife, meu caro leitor. E toda vez que entro em um táxi, e falo que moro em Natal, o motorista me pergunta se na capital do Rio Grande do Norte também está quente assim. E eu respondo que sim, que está quente em todo lugar. Sol escaldante, asfalto abrasador, brisa – quando tem – fervente, um verdadeiro forno de microondas é no que se transformou o mundo nesses últimos dias.

Imagine você que eu andei no Agreste de Pernambuco na semana passada, mais precisamente em Garanhuns; e em Garanhuns, na chamada Suíça Nordestina, famosa por suas temperaturas amenas, o termômetro andou marcando 33 graus centígrados. De noite, ainda aparece aquela aragem fresca e a gente pensa que finalmente vamos ter um refresco, e que Deus finalmente ligou o ar condicionado central: ledo engano. As madrugadas são quentes, e a gente acorda banhado em suor, se abanando, em busca dos ventiladores e das janelas abertas.

No Recife o povo está com medo dos terremotos, porque tremores abalaram a região de São Caetano, Caruaru e municípios próximos. É muita gente falando em vender o que tem e se mudar para algum lugar mais seguro, onde o chão não se abale com qualquer besteira. Na capital pernambucana ainda reina o medo do tsunami, pois algumas áreas da cidade se encontram abaixo do nível do mar, é o que dizem todos.

Eu só sei que estou com um medo danado do fim do mundo. É terremoto, é maremoto, é enchente, é tsunami… Já pensei até em me mudar para o interior, para o cocoruto de uma serra qualquer, lá nas quebradas do Cariri Paraibano, perto de Coxixola, terra dos meus ancestrais. De lá de cima eu veria a grande onda chegar trazendo finalmente a praia para Campina Grande mesmo à custa de muita destruição e vidas perdidas.

Mas não vou não. Não vou não porque meus filhos, meus netos e meus amigos não querem ir junto comigo. E de que adianta ficar sã e salva em cima de uma serra mas sozinha, sem ter junto de mim as pessoas que eu amo?

Vou ficar na cidade mesmo, para o que der e vier, Para a vida ou para a morte, para o tsunami e o terremoto. Vou ficar onde estou e estive sempre, com os meus, vendo o Sol nascer e se por, e depois a Lua, vendo o vento balançar a folha da palmeira e as primeiras estrelas surgirem quando a noite chega. E se o fim do mundo vier, pode vir, que já estou em paz, satisfeita, e já fiz na minha vida tudo o que quis fazer.

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fim do mundo, terremoto, tsunami
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« História de cangaceiros Consolar sempre »

3 Responses to “O fim do mundo”

  1. dude amaral disse:
    24 de março de 2011 às 19:19

    E Coxixola existe Eu já passei por la e sempre que vou ver minha irmã em Campina Grande Ela me lembra que Coxixola existe e é aqui.

  2. Clotilde Tavares disse:
    14 de março de 2010 às 16:53

    Carlos, nesse calor todo, só uma coisa me esfria a alma: as saudades de vocês. Mas aí vem o calor das boas lembranças, que aquece o coração e fica tudo direito outra vez.
    Quando vem a Natal?
    Beijão!

  3. carlos araújo disse:
    13 de março de 2010 às 10:15

    Olá, amiga. Como está?
    Apesar do calor, percebo que, nas reuniões do Neo-Tibiri, falta vc para aquecer as conversas. Mas tem uma vantagem: não precisamos pedir a deus para ligar o ar condicionado central. É um favor que não devemos a ele, porque quando chegamos à reunião todo mundo é fresco.
    Quanto ao fim do mundo, diz o Marco di Aurélio que, quando o mundo acabar, ele vai morar no Cariri. Eu vou com ele ficar “no cocoruto de uma serra qualquer”, coisa que vc rejeita.
    Um abraço

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